Idosos e conservadores são mais propensos a espalhar conteúdos falsos, diz estudo


Estudo foi feito por pesquisadores dos EUA com base em publicações de usuários do Facebook durante a campanha presidencial de 2016.


Um estudo apontou que pessoas com mais de 65 anos e politicamente conservadoras são mais propensas a divulgar na internet conteúdos falsos, também chamados de "fake news". 
O artigo – assinado por Andrew Guess, da Universidade Princeton, e Jonathan Nagler e Joshua Tucker, da Universidade de Nova York (NYU), ambas nos EUA – foi publicado pela revista científica Science Advances na quarta-feira (9). Nele, os autores analisaram as publicações de um grupo de usuários do Facebook durante a campanha presidencial americana, em 2016.

A pesquisa concluiu que, de forma geral, o "compartilhamento de artigos de sites de conteúdos falsos foi uma atividade rara". "A ampla maioria dos usuários do Facebook no nosso banco de dados (91,5%) não divulgou nenhum artigo de portais de conteúdos falsos em 2016", dizem os autores.

Mas o estudo identificou que os usuários na faixa etária mais velha, acima dos 65 anos, compartilharam sete vezes mais artigos de portais de conteúdos falsos do que o grupo etário mais jovem (18 a 29 anos).

Dentre os que divulgaram conteúdos falsos, havia mais eleitores do Partido Republicano (38 usuários) – grupo político do presidente Donald Trump – do que do Partido Democrata (17). Ao todo 18,1% dos eleitores republicanos analisados pelo estudo divulgaram conteúdos falsos, ante 3,5% dos eleitores democratas.

Para definir quais sites eram difusores de "fake news", os autores se basearam em listas de acadêmicos e jornalistas, entre os quais uma elaborada pelo jornalista Craig Silverman, do portal BuzzFeed.
Influência de 'fake news' em eleições
A eleição de Trump – assim como a de Jair Bolsonaro (PSL) no Brasil – foi marcada por discussões sobre a possível influência das chamadas "fake news", conteúdos falsos divulgados como se fossem notícias verdadeiras, muitas vezes para gerar receitas publicitárias.

Alguns analistas afirmaram que esses conteúdos tiveram um impacto que pode ter afetado o resultado eleitoral nos EUA em 2016. Os autores do artigo dizem, porém, que estudos indicam que esses argumentos "são exagerados".
A pesquisa afirma ainda que as pessoas que compartilhavam mais notícias eram, em geral, menos propensas a divulgar conteúdos falsos. "Esses dados são consistentes com a hipótese de que pessoas que compartilham muitos links têm mais familiaridade com o que elas estão vendo e são mais aptas a distinguir conteúdos falsos de notícias reais", diz o estudo.

Os autores apontam, porém, que não foi possível descobrir se os participantes sabiam que estavam divulgando conteúdos falsos.

Os pesquisadores dizem também que os achados indicam que questões demográficas devem ser mais enfocadas em pesquisas sobre o comportamento político, conforme a população americana envelhece e a tecnologia muda com grande velocidade.
G1

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