Pneumonia de causa
desconhecida ainda está cercada de mistérios, mas precauções podem evitar a
infecção; vejas perguntas e respostas
Em dezembro do ano passado,
uma pneumonia de causa desconhecida começou a se espalhar por Wuhan, megalópole
da região central da China.
Autoridades de todo o mundo
estão preocupadas com o alastramento do que foi identificado como uma nova cepa
de coronavírus — tipo de vírus que foi responsável pela Síndrome Respiratória
Aguda Grave (Sars) e a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers).
Confira algumas perguntas e
respostas sobre o coronavírus.
O que é o coronavírus?
Nomeado a partir de sua forma
circular, o coronavírus (CoV) é uma ampla família de vírus à qual pertencem as
cepas que causaram, por exemplo, a Sars e a Mers. Já se sabe que a pneumonia
misteriosa é causada por uma nova cepa que os cientistas ainda não conheciam,
identificado como 2019-nCoV.
Via de regra, os sintomas de
um coronavírus são nariz entupido, tosse, garganta inflamada, mal estar, febre
e dor de cabeça. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos
Estados Unidos, a maior parte das pessoas contrai algum tipo de coronavírus
durante a vida, e tende a se curar em poucos dias.
Mas algumas variantes do
coronavírus podem afetar gravemente o sistema respiratório, causando pneumonia,
sobretudo em indivíduos muito novos ou muito velhos, em portadores de doenças
cardiopulmonares ou em pessoas com sistema imunológico debilitado. Tudo indica
que este é o caso do coronavírus 2019-nCoV.
Sete dos tipos conhecidos de
coronavírus podem infectar pessoas — o 2019-nCoV é um deles. Outro exemplo da
categoria foi a Sars, que matou 774 pessoas e infectou pouco mais de 8 mil, em
uma epidemia que começou na China em 2002.
Para Edimilson Migowski,
professor de infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o
novo coronavírus tem se mostrado "muito agressivo e virulento, mas por
outro lado é bom porque ao matar (o vírus) se dissemina menos".
— Quando é assim, o paciente
rapidamente é internado, fazendo com que o impacto de disseminação seja menor
do que uma infecção comum — explica.
Como acontece a transmissão?
O coronavírus, em geral, é
transmitido pelo ar, por meio de grandes gotículas expelidas na respiração, ou
por contato direto ou indireto com secreções. Como o 2019-nCoV foi descoberto
recentemente, é impossível detalhar sua rota de transmissão.
— É um vírus que se mantém
viável no ambiente em superfícies molhadas por dias. Uma pessoa pode se
contaminar por contato respiratório, utensílios contaminados. Transmissão por
via aérea é sempre preocupante. Mas o vírus não vai pular da maçaneta para sua
boca, por isso é importante redobrar cuidados com as mãos. Água e sabão
resolvem.
Sabe-se que o coronavírus
costuma ser contraído por seres humanos pelo contato com outras espécies. A
Sars, por exemplo, veio da civeta (ou gato-de-agália, espécie aparentada do
guaxinim), animal então consumido na China como iguaria.
A Mers, que dizimou 858 dos
2.494 pacientes diagnosticados desde 2012, veio dos dromedários, que chegaram a
ser cogitados como possíveis transmissores do vírus para os seres humanos,
embora nada tenha sido confirmado até agora.
Um mercado de frutos do mar em
Wuhan está no centro das suspeitas sobre a origem da doença. Embora alguns
animais marinhos possam hospedar o vírus, é mais provável que ele tenha vindo
de algum animal comercializado vivo, como galinha, cobra, morcego, cobra ou
coelho.
Quais as chances de o vírus
chegar ao Brasil?
Um caso suspeito de
coronavírus foi identificado na tarde desta quarta-feira em Belo Horizonte. Uma
mulher de 35 anos que passou por Xangai foi internada com sintomas
respiratórios da infecção, de acordo com a Secretaria estadual de Saúde de
Minas Gerais. O órgão fez questão de ressaltar, porém, que o caso é tratado
ainda como suspeita, e que o quadro da paciente não é grave. Além disso, ela
disse às autoridades que não esteve em Wuhan.
Oficialmente, o Ministério da
Saúde não registrou nenhum caso de 2019-nCoV no Brasil até agora. Mas o vírus
já chegou ao continente americano. Foi confirmado ontem o primeiro caso da
doença nos Estados Unidos. Nesta quarta-feira, o México também informou que
observa uma suspeita de 2019-nCoV.
Ainda não se sabe dimensionar
a facilidade de contágio do vírus. No entanto, a maior parte das transmissões
foi registrada nas últimas horas. O número de mortes registradas por causa da
doença pulou de 6 para 17 em um dia.
Como prevenir o coronavírus?
Até agora, as formas mais
letais dos coronavírus não têm vacina nem cura. No entanto, ações básicas podem
prevenir qualquer infecção contagiosa que possa ser transmitida pelo ar ou pelo
contato.
Segundo o portal do Ministério
da Saúde, são recomendáveis: "frequente lavagem e higienização das mãos,
principalmente antes de consumir algum alimento; utilizar lenço descartável
para higiene nasal; cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir; evitar tocar
mucosas de olhos, nariz e boca; higienizar as mãos após tossir ou espirrar; não
compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
manter os ambientes bem ventilados; e evitar contato próximo a pessoas que
apresentem sinais ou sintomas de infecção respiratória".
— O que as pessoas sempre
podem fazer é redobrar o cuidado com higiene das mãos. Estudos mostram que o
brasileiro toma muito banho, mas lava pouco as mãos. Em 2009, na ocasião da
gripe suína, antes mesmo de a doença chegar ao Brasil, houve alarme grande para
manter higiene das mãos. E naquele ano os laboratórios que vendiam produtos
para diarreia, gripe e outras doenças não bateram as metas porque houve
intensificação da higiene das mãos — informa Edimilson Migowski.
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