Jornal NH - Jovem com deficiência
entregou bilhete para avisar que era roubo e apontou réplica de pistola para
comerciante, na tarde desta segunda-feira, no Centro de Canela
“Inacreditável” era a
palavra usada por vítimas e policiais após assalto a uma joalheria na tarde
desta segunda-feira em Canela. O crime foi tentado por um cadeirante surdo-mudo
de 19 anos, por volta das 15h30, na Rua Júlio de Castilhos. Sem movimentos dos
braços em razão de paralisia cerebral, ele usou os pés para entregar um bilhete
com o aviso de roubo. Também com os pés, apontou uma pistola para o
comerciante. Um funcionário viu e chamou a Brigada Militar, que prendeu o jovem.
A arma era uma réplica. O bilhete tinha sido escrito por ele com os pés.
Sem imaginar a intenção o
jovem com deficiência, uma cliente e o próprio lojista chegaram a entregar
dinheiro para ele. “O rapaz veio com a cadeira elétrica e ficou no canto. Uma
cliente colocou 5 reais no bolso dele antes de ir embora. A gente pensou que
ele queria doações. Eu também fiquei com pena e dei dinheiro”, conta o lojista.
O Plano
O cadeirante estava
esperando os clientes saírem para executar o plano. Foram aproximadamente dez
minutos. Quando o último foi embora, ele alcançou uma folha de caderno ao
comerciante. “Passa tudo. Não chama atenssão (sic)” era o recado, com erro
ortográfico e caligrafia irregular. “Achei que era brincadeira. Depois ele
puxou a arma com os pés. Aquela pistola parecia de verdade. Um rapaz ali atrás
viu e logo ligou para o 190.” Outra pessoa, que teria entrado no momento,
pareceu não se assustar.
Avisada, a Brigada foi
preparada para possível confronto. A descrição era de um cadeirante armado. Sem
detalhes do tipo de limitação de movimentos e da mudez. Quando os policiais
chegaram, o simulacro estava no chão. O deficiente foi levado à delegacia.
Delegado liberou jovem e
abriu inquérito
O suspeito prestou
depoimento na presença de um familiar, que auxiliou na compreensão do relato, e
foi liberado. O delegado de Canela, Vladimir Medeiros, abriu inquérito. “As
circunstâncias do fato devem ser aprofundadas, o que somente através de uma
investigação é possível”, comenta Medeiros. Ele frisa que, pelos elementos levados
à delegacia, seria um crime impossível de ser consumado. “Especialmente se
considerada a condição física do investigado, inclusive em razão da
impossibilidade de fuga”, observa. A Polícia analisará imagens das câmeras
internas e externas da joalheria. O investigado, que não tem antecedentes
criminais, teria agido sozinho. Nas redes sociais, com orgulho por meio de
frases e imagens, ele se diz membro da facção Os Manos.
Irmão gêmeo está recolhido
por homicídio
A história ganha novos
contornos surreais pela família do cadeirante, que é de Canela e frequentava
escola na área central até o ano passado. Ele tem um irmão gêmeo, sem
deficiência física, que está preso por um assassinato e uma tentativa de
homicídio. Cumpre pena no presídio de Canela.
0 Comentários