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“últimas notícias” na internet e veja se aparece algo sobre mais um erro crasso
que a OMS admitiu e pediu desculpas há poucos dias. Quem está ocultando dados?
Nenhum pedido de desculpas da OMS será suficiente
A frase “mais perdido que
a OMS em pandemia” está a ponto de virar ditado popular e não é para menos. A
Organização Mundial de Saúde, que, até um tempo atrás era considerada referência
na área, avança mais um passo rumo ao descrédito. Desde o início da pandemia
causada pelo novo coronavírus, as atitudes e declarações de seus dirigentes têm
se mostrado erráticas e desencontradas.
Até o momento, não há
explicações ou justificativas por terem ocultado a pandemia durante cinco
semanas, atrasando a tomada de contramedidas. Jamais saberemos quantas pessoas
pagaram com a vida a conta do acobertamento dessa informação.
Aliás, o diretor geral da
OMS, Tedros Adhanom, é duramente criticado até hoje pela forma como lidou com
diversos surtos de cólera ocorridos entre 2006 e 2011, quando foi ministro da
Saúde da Etiópia, seu país de origem. Tratando as epidemias apenas como
“diarreia aquosa”, mesmo diante de exames clínicos apontando para cólera,
Adhanom atrasou as contramedidas necessárias para conter o avanço da doença. E
não foi uma vez só.
E o que dizer sobre a
controvérsia das máscaras? Inicialmente a OMS criticou o uso, afirmando que
deveriam ser restritas aos agentes de saúde. Em seguida voltou atrás dizendo
que as cirúrgicas – e unicamente essas – deveriam ser adotadas pela população
em geral. Mais uma vez mudaram de ideia e as caseiras “passaram” a surtir o
mesmo efeito, bastava que tivessem camada dupla. Ou seria tripla? E que fossem
de tecido natural. Mas também podiam ser de qualquer tecido. Hoje elas podem
ser até de tecido não tecido...
Por fim, chegaram à
conclusão de que qualquer uma é melhor do que nenhuma e a nossa realidade – até
o momento – é que se alguém sair de casa sem máscara será multado. Já sobre o
modelo ideal de quarentena não tivemos a mesma “sorte”, pois a OMS ainda não decidiu
qual apoia. Ao mesmo tempo que o lockdown (fechamento radical) é orientado,
países com quarentena moderada são usados como exemplo de sucesso.
Mas tudo isso fica pequeno
ao ser comparado com a confusão da hidroxicloroquina, que diziam mais matar do
que salvar, embora não haja um só registro em todo o mundo de morte por uso de
cloroquina em tratamento contra a covid-19. Diante de um estudo baseado em
informações falsas, a OMS suspendeu as pesquisas e abandonou uma das poucas
opções de tratamento apresentadas até então. Depois voltou atrás, reconheceu o
erro e anunciou a retomada das pesquisas. Por todo o tempo que o medicamento
ficou fora do protocolo de tratamento (dos mais pobres), pediram desculpas.
Tudo é incerto e as poucas
instruções apresentadas não fazem sentido nem mesmo diante de perguntas quase
infantis, como: se as máscaras nos protegem, por que não podemos sair de casa?
Se ficar em casa não nos impede de sermos contaminados, por que não podemos ir
às ruas? Seria porque alguém pode estar com o vírus, ser assintomático, mas
mesmo assim contaminar outras pessoas? Sim, é por isso! Ou melhor, era, não é
mais...
Na segunda-feira passada
(8), Maria van Kerkhove, chefe do programa de emergências da OMS, afirmou com
todas as letras que a transmissão por assintomáticos parece ser “rara” e pediu
desculpas ao mundo por terem propagado o contrário até então. Uma notícia como
essa, que muda radicalmente a forma de enfrentamento da pandemia não teve, nem
de longe, a repercussão que deveria.
E, como já se tornou comum, a OMS tentou voltar atrás fazendo uma ressalva horas depois. Porém, Kerkhove foi clara em sua primeira fala, não só em relação à transmissão de assintomáticos ser rara, mas também em se desculpar pela informação equivocada que sustentaram até aquele momento. Além disso, tentar explicar a distinção de assintomático e pré-sintomático não anulou a afirmação feita em relação à raridade da transmissão.
Como explicar ao mundo
inteiro que abrimos mão do nosso direito de ir e vir durante meses à toa? Como
justificar que milhares de empresas quebraram e milhões de pessoas perderam
emprego e renda por causa de informações falhas? Como encarar anos de recessão
– principalmente em países como o nosso – por conta de um alarmismo que não se
sabe – ou se sabe – a quem beneficia? Como salvar a imagem de uma organização
dessa envergadura depois de tamanho vexame? Como corrigir um erro dessa
natureza?
Não são perguntas fáceis
de serem respondidas, mas uma coisa é certa: nenhum pedido de desculpas será
suficiente. É preciso que atitudes como essas, que atentaram contra a vida, o
sustento e os direitos de bilhões de pessoas sejam tratadas com todo rigor que
merecem.
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