Mulher que diz falar com Deus desde os 6 anos, diz que ele quer mudar a vida do país e que a saída para a pandemia de Covid seria comer alho cru
Mulher disse a Bolsonaro que alho cru cura a Covid-19
O Tempo - Uma apoiadora do
presidente Jair Bolsonaro que o aguardava em frente ao Palácio da Alvorada na
noite desta segunda-feira, 8, recebeu a promessa de que será recebida pelo
Ministério da Saúde após informar que conversa com Deus desde os seis anos de
idade e sabe como curar o novo coronavírus. A mulher disse que está disposta a
servir de cobaia para comprovar que possui a cura da doença que já matou
397.380 pessoas no mundo e tem mobilizado cientistas de todo planeta.
“Eu trouxe a cura do
coronavírus e eu coloco a minha vida à disposição. Tenho 38 anos, sou mãe de
três filhos, eu não estou aqui para brincadeira. Deus fala comigo desde os seis
anos. Deus quer mudar esse País. Deus quer te exaltar na presença de todos os
povos e nações. Não preciso que acredite em mim. Preciso que ponha a prova.
Podem injetar o vírus em mim. Eu assumo todas as responsabilidades. Eu trouxe
comigo. E é tão natural, é tão perfeita, é tão mágico, é tão natural, é tão de
Deus que o povo vai dizer que é impossível”, afirmou a mulher.
Após ouvir o relato,
Bolsonaro afirmou: “Eu te arranjo amanhã para a senhora conversar lá, alguém
para conversar com a senhora no Ministério da Saúde. Pode ser?”
A mulher informou ao
presidente que a cura milagrosa pode vir do alho cru. “Sabia que quando a
pessoa usa um dente de alho cru por dia aumenta a imunidade? Por quê? Porque é
rico em enxofre. O enxofre mata o coronavírus”, garantiu.
O presidente então pediu
que ela entre em contato com sua assessoria. “Deixa o telefone com alguém aqui,
anota”, determinou Bolsonaro.
O site do Ministério da
Saúde classifica de fake news a informação que relacionava o alho à cura da
doença. “Coronavírus pode ser curado com tigela de água de alho recém-fervida -
É FAKE NEWS!”, informa a página oficial do ministério.
Quase todas as noites, o
presidente para o carro em frente à residência oficial para conversar com
poucos apoiadores que o aguardam. Em geral, ouve elogios ao governo, ataques à
cobertura da imprensa e alguns pedidos específicos. Nesta segunda, um dos
apoiadores queria conversar com o presidente sobre estande de tiros. Bolsonaro
afirmou que, desta vez, estava ocupado.
O presidente tem se
posicionado contra medidas recomendadas pelas autoridades mundiais de saúde
para combater a covid-19, que ele já chamou de “gripezinha”. Sobre o número
crescente de mortes, costuma dizer que é o destino de todos e que não é
coveiro.
Desde a saída de Nelson
Teich do Ministério da Saúde, Bolsonaro tem comandando a pasta ele mesmo. As ordens
são dadas ao ministro interino, o general Eduardo Pazuello, que as cumpre sem
questionamentos. Partiu do presidente, por exemplo, a determinação para que o
Ministério da Saúde liberasse a cloroquina como remédio para tratar casos leves
da doença. Por não ter comprovação científica, a ação foi recusada por dois
ministros da saúde médicos que preferiram pedir demissão a validar essa
iniciativa. O atual ministro interino não se negou.
Na gestão de Pazuello, dados sobre o número de mortos passaram a ser omitidos e a divulgação atrasada. Ao comentar o assunto, Bolsonaro não deixou dúvidas sobre o propósito: “Não vai ter Jornal Nacional”. O JN, da TV Globo, é o telejornal de maior audiência do País. O Estadão revelou nesta segunda que partiu do presidente a ordem para que a pasta maquiasse os dados de forma a que não ultrapassem as mil mortes por dia. O ministério disse que a decisão de atrasar a divulgação, já revogada, foi técnica.
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