O presidente
Jair Bolsonaro (sem partido) disse na noite desta quinta-feira (9) ter sido
cobrado — sem especificar por quem — a manter os ataques ao STF (Supremo
Tribunal Federal) e rebater as declarações do ministro Luiz Fux, presidente da
Corte. No dia anterior, Fux reagiu às falas de caráter golpista de Bolsonaro,
feitas durante os atos de 7 de setembro, dizendo que o Supremo "não
tolerará ameaças".
Bolsonaro
também minimizou as críticas feitas por apoiadores à carta que divulgou na
tarde de quinta, em que adotou um tom mais pacificador e disse nunca ter tido
intenção de "agredir" qualquer um dos Poderes. Na sequência, porém, pediu
"calma" aos seguidores, indicando que os ataques ao STF podem voltar
futuramente.
"Queriam
que eu respondesse o presidente do Supremo, Fux, que fez uma nota dura. Também
usou da palavra o Arthur Lira [PP-AL], [presidente] da Câmara, o Augusto Aras,
nosso procurador-geral da República. Alguns do meu lado aqui vieram até com o
discurso pronto: 'Tem que reagir, tem que bater'. Calma, amanhã a gente fala,
deixa acalmar para amanhã", disse o presidente, durante sua live semanal.
Para
defender a carta — que contou com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB)
para ser redigida —, Bolsonaro ainda citou o fato de que o dólar comercial caiu
quase 2% e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira (B3),
registrou alta de 1,72% após a publicação do texto.
Nós temos
que dar exemplo aqui em Brasília. Por mais que eu ache que você está fazendo a
coisa errada, dá um tempo, deixa acalmar um pouquinho. Comecei a preparar uma
nota... Telefonei ontem [quarta-feira] à noite para o Michel Temer, ele veio a
Brasília, por dois momentos conversou comigo aqui, pouco mais de uma hora. Ele
colaborou com algumas coisas na nota, eu concordei e publiquei. Não tem nada de
mais ali. Jair Bolsonaro, durante live.
Crítica a
Barroso
Ao reafirmar
sua abertura para o diálogo, Bolsonaro disse que não agrediu qualquer
instituição e que tem "brigas pontuais" com ministros do Supremo.
Manifestou, inclusive, intenção de conversar com o presidente do TSE e ministro
do STF Luís Roberto Barroso, um dos alvos preferidos de seus ataques.
Emendou, no
entanto, em um de seus assuntos preferidos e objeto da discórdia com o
presidente da corte eleitoral: seus questionamentos sobre a confiabilidade do
atual sistema de votação. Na live desta quinta, Bolsonaro voltou a sugerir
irregularidades nas últimas eleições e disse acreditar ter recebido mais votos
do que os computados, embora nunca tenha provado isso.
Também
questionou o fato de Barroso ter anunciado medidas que ampliam a transparência
do sistema de votação. Para Bolsonaro, se há espaço para novas medidas, é
porque havia brecha no sistema.
Temer foi
coautor da carta de Bolsonaro
Na
"declaração à nação", publicada por volta de 16h30, Bolsonaro
justificou os ataques ao STF dizendo que suas palavras, "por vezes contundentes,
decorreram do calor do momento e dos embates que sempre visaram o bem
comum". Ele também afirmou que "sempre" esteve disposto a manter
diálogo permanente com os poderes Legislativo e o Judiciário "pela
manutenção da harmonia".
Reitero meu
respeito pelas instituições da República, forças motoras que ajudam a governar
o país. Democracia é isso: Executivo, Legislativo e Judiciário trabalhando
juntos em favor do povo e todos respeitando a Constituição. Jair Bolsonaro, em
carta
Antecessor
de Bolsonaro, Temer foi coautor da nota, tendo sido convidado para ir a
Brasília pelo próprio Bolsonaro. O presidente, contou Temer, mandou um avião da
FAB (Força Aérea Brasileira) ir buscá-lo em São Paulo para que eles pudessem
almoçar juntos e conversar sobre a crise entre os Poderes.
"Eu vim
[a Brasília], trouxe até um esboço de uma declaração, submeti a ele [Bolsonaro]
no almoço, ele disse 'olha, eu vou só fazer uma pequena observação aqui', e eu
falei 'olha, então vou visitar o governador Ibaneis [Rocha (MDB), do DF] e
volto em seguida para ver a nota com a modificação'. Voltei, ele me deu a nota,
que é essa que foi divulgada", relatou Temer ao "Brasil
Urgente", da Band TV.
O emedebista
também afirmou que, apesar de já ter conversado com Bolsonaro, o convite de
agora foi surpreendente: "É claro que foi uma surpresa, porque a situação
estava muito tensa, muito preocupante", completou.
Pós-7 de
setembro
A carta veio
dois dias depois de Bolsonaro participar de atos golpistas em Brasília e em São
Paulo, onde voltou a ameaçar o Judiciário — o que, para juristas ouvidos pelo
UOL, pode configurar crime de responsabilidade e levar a um impeachment.
Na capital federal, os ataques se dirigiram ao ministro Luiz Fux e ao próprio STF. Mais tarde, já na Avenida Paulista, Bolsonaro pregou desobediência ao ministro Alexandre de Moraes, principal alvo dos manifestantes ali presentes, e o xingou de "canalha".
Moraes é desafeto de Bolsonaro desde o início de 2019, quando foi nomeado relator do inquérito que investiga ataques e disseminação de fake news contra o STF e seus ministros. No fim de agosto, Bolsonaro chegou a enviar ao Senado um pedido de impeachment contra Moraes, posteriormente rejeitado por Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente da Casa.
*Com
informações da Reuters.
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