Abigail Beck, de 15 anos, contou que não consegue tomar banho regularmente e nem chorar porque líquidos causam sensação de queimação na pele
Uma jovem de 15 anos, moradora da cidade de Tucson, Arizona,
nos Estados Unidos, vive de uma forma completamente diferente da imensa maioria
do planeta. Enquanto para nós a água é extremamente necessária, para ela, causa
extremo desconforto.
Em entrevista ao jornal britânico Daily Mail,
Abigail Beck contou que é alérgica à água, tendo que evitar tomar banho, por exemplo,
por causar erupções na pele dela. Até mesmo chorar ou suar provoca
queimação.
A adolescente revelou que água causa sensação de
"ácido", o que a faz ter que se lavar uma vez a cada dois dias.
Além disso, a garota não toma um copo de água há mais de um
ano porque isso a faz vomitar.
Como forma de hidratação, opta por bebidas energéticas ou
suco de romã, que contêm menos teor de água.
A doença que ela sofre é a urticária aquagênica, uma condição
rara que, estima-se, afetar uma a cada 200 milhões de pessoas em todo o mundo.
Descrita pela primeira vez em 1964, cerca de cem casos da
doença haviam sido publicados na literatura médica até 2011, segundo um artigo
do periódico científico Annals of Dermatology.
A urticária aquagênica "é uma forma rara de urticária
física, na qual o contato com a água, independentemente de sua temperatura e
fonte, provoca urticária. As lesões cutâneas podem ser confundidas com erupções
de urticária colinérgica; entretanto, não podem ser evocados por exercício,
sudorese, calor ou estresse emocional. As lesões estão localizadas
principalmente na parte superior do corpo (pescoço, tronco, ombro, braços e
costas)", descrevem os autores.
Eles abordam outros dois casos da doença. No primeiro, um
jovem de 19 anos.
"Ele apresentava uma história de três anos de pápulas
pequenas afetando os ombros, braços, tronco, abdômen e costas quando tomava
banho ou ducha. Esses sintomas apareceram dentro de 10 a 20 minutos de contato
com a água e provocaram prurido [coceira] intenso. Cada episódio durou de 20 a
40 minutos e resolveu-se espontaneamente", relatam.
Os médicos prescreveram fexofenadina, um anti-histamínico.
"Após duas semanas, nenhuma lesão se desenvolveu em contato com a
água", anotaram os médicos, ao destacar que a dose do medicamento pôde ser
reduzida e o paciente também passou a tomá-lo em dias alternados.
No caso de Abigail, os médicos indicaram pílulas de
reidratação, além de considerar o uso de fluídos intravenosos, como forma de
suprir a baixa ingestão de líquidos.
Outros tratamentos incluem radiação ultravioleta, esteroides,
cremes específicos e banhos de bicarbonato de sódio.
A jovem contou ao jornal britânico que chegou a adiar a ida
ao médico por medo de pensarem que ela era "louca".
"Demorou muito tempo para ser diagnosticada. Ela
[doença] progrediu lentamente e começou a piorar com o tempo. Quando chovia,
doía muito, parecia ácido. Achei normal, então perguntei à minha mãe se a chuva
parecia ácida para ela quando chovia, e ela disse que não."
Das poucas vezes em que consegue beber água, a adolescente
tem que tomar anti-histamínicos e esteroides para evitar a reação alérgica.
Para ela, a água se tornou algo traumático.
"Não tenho ideia do que pode acontecer, o que é
assustador para mim. Eu nunca tenho vontade de beber água, não quero beber, o
gosto é ruim para mim."
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