Patógeno, detectado pela primeira vez em dezembro de 2018,
causa febre e outros sintomas semelhantes aos de uma gripe
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Vírus foi detectado em vigilância de rotina |
Cientistas reportaram na revista The New England Journal of
Medicine 35 pessoas infectadas na China pelo vírus Langya, parente dos vírus
Hendra e Nipah.
No artigo, eles acrescentam que a descoberta se deu por meio
de vigilância-sentinela de pacientes febris e exposição animal no leste da
China.
"Um henipavírus filogeneticamente distinto,
denominado Langya henipavirus (LayV), foi identificado em uma
amostra de swab de garganta de um paciente por meio de análise metagenômica e
vírus subsequente isolamento. [...] Investigações subsequentes identificaram 35
pacientes com infecção aguda por LayV nas províncias de Shandong e Henan da China,
entre os quais 26 foram infectados apenas com LayV (nenhum outro patógeno
estava presente)", descrevem.
Todos os 26 pacientes que tinham apenas um vírus apresentaram
febre. Outros sintomas observados foram: cansaço (54%), tosse (50%), perda de
apetite (50%), dor muscular (46%), náusea (38%), dor de cabeça (35%) e vômitos
(35%), acompanhados por anormalidades de baixo nível de plaquetas (35%), baixo
número de glóbulos brancos (54%) e redução da função hepática (35%) e renal
(8%).
O vírus foi identificado pela primeira vez em 2018, nas
mesmas duas províncias chinesas. Não há até o momento relato de mortos.
Os autores também tentaram buscar os possíveis animais que
teriam transmitido o vírus às pessoas, já que não se trata de um patógeno que
circula entre humanos.
Eles encontraram o material genético do vírus em 3 de 168
(2%) das cabras analisadas e em 4 de 79 (5%) dos cães.
Ao expandirem a análise para pequenos animais selvagens, os
autores acharam o material genético do vírus Langya em 71 de 262 (27%)
musaranhos, "um achado que sugere que o musaranho pode ser um reservatório
natural" desse agente, afirmam eles.
O grupo de pesquisadores também diz que não há transmissão
entre humanos relatada para o vírus Nipah, da mesma família, e minimiza essa
possibilidade para o Langya.
"Não houve contato próximo ou histórico de exposição
comum entre os pacientes, o que sugere que a infecção na população humana pode
ser esporádica. O rastreamento de 9 pacientes com 15 familiares de contato
próximo não revelou transmissão de LayV de contato próximo, mas nosso tamanho
de amostra era muito pequeno para determinar o status da transmissão de humano
para humano para LayV."
Em Taiwan, o vice-diretor-geral do Centro de Controle de
Doenças, Chuang Jen-hsiang, afirmou ao jornal Taipei Times que, apesar de não
haver indícios da transmissão entre pessoas, o território vai trabalhar no
desenvolvimento de um teste de material genético para detectar o vírus.