Suspeito de est*prar mulher em situação de rua diz que pagou R$ 10 por programa e deu lanche a ela: 'estava com fome'

Suspeito prestou depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, no litoral de São Paulo. A Polícia Civil trabalha para localizar a suposta vítima.

 

O suspeito de est*prar uma mulher em situação de rua em Santos,  no litoral de São Paulo, nega ter cometido o crime e diz ter pago R$ 10 por um programa com ela na calçada. O homem ressaltou, nesta quinta-feira (9), ter dado um lanche para ela comer antes da relação sex*al que, ainda segundo ele, foi consensual. A Polícia Civil trabalha para localizar a suposta vítima.

O ato foi filmado na Rua Braz Cubas, no Centro da cidade. No vídeo, a mulher aparece deitada na calçada. O homem se aproxima e toca as partes dela, que o 'empurra' com as pernas. Depois, ele é visto fazendo uma 'cabana' com papelões ao lado de uma parede. Os dois têm relação no local. O caso é investigado pela polícia como estupro de vulnerável.

O suspeito tem 36 anos e trabalha como ajudante de obras em uma empresa de construção na cidade. Ele prestou depoimento na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) na última quarta-feira (8). O homem negou ter est*prado a mulher, mas confirmou ter errado ao se relacionar com ela na rua.

"Não foi est*pro. Foi com a ciência dela, que cobrou e eu paguei. O erro foi por ter sido na rua", disse o suspeito. "Ela me cobrou R$ 20, mas eu não tinha isso no bolso, só R$ 10. Dei [o dinheiro] para ela. O lanche foi à parte, pois ela falou que estava com fome".

 

Homem é filmado abusando de moradora em situação de rua em Santos, SP — Foto: Reprodução

Versão do suspeito

O suspeito afirmou que não conhecia a mulher antes do ato, que teria acontecido na última quarta-feira (1º), durante a tarde, após ele sair do trabalho.

O homem também deu a própria versão sobre o momento em que a mulher o 'afastou' com as pernas. De acordo com ele, ela fez isso pois ambos estavam em ambiente 'aberto' e, em seguida, pediu para que montasse a 'cabana' na calçada.

"Ela estava acordada. Os vídeos não mostram, mas eu 'encostei' do lado dela, dei um lanche e fiquei trocando ideia [antes do ato]", afirmou. "Ela falou: 'Pega a tampa do lixo e 'fecha' aquilo ali para ficar melhor".

Por fim, o suspeito afirmou que deseja que a Polícia Civil localize a mulher o quanto antes. "Para mim, é bem melhor que ela apareça para falar toda a verdade. As filmagens mostram uma coisa, mas ela falando vai ser outra. [E vai] comprovar que não teve estupro nem nada".

Defesa

De acordo com o advogado Natalício Batista dos Santos, que representa o suspeito no caso, os vídeos não mostram a cena 'completa', desde o momento em que ele dá os R$ 10 até o ato. "Só mostram a parte que o prejudica", disse ele.

O profissional reforçou a versão do cliente sobre o suposto est*pro. "A prostituição não é uma coisa louvável, mas existe desde os primórdios da humanidade. Ele fez um ato imoral, muito imoral mesmo. Ilícito, sim, mas não nessa magnitude de dizer que foi est*pro, pois houve consenso".

Por fim, Natalício disse que os próximos passos da defesa se baseiam em acompanhar as investigações por parte da Polícia Civil e obter mais imagens que comprovem a versão do suspeito. "Pegar todos os vídeos e, assim, provar que houve uma tratativa entre os dois que resultou nesse ato sex*al", complementou.

 

Polícia encontra 'cabana' onde homem abusou sexualmente de mulher em situação de rua em Santos (SP) — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Boletim de ocorrência

No documento, obtido pelo g1, a corporação apontou que, além do local do crime, visitado no último domingo (5), os investigadores também foram à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central, no bairro Vila Matias. Os agentes, porém, não localizaram registros da vítima na unidade de saúde.

A corporação repassou as informações sobre a vítima à Guarda Civil Municipal (GCM), que "costumeiramente aborda pessoas em situação de vulnerabilidade", conforme registrado no boletim de ocorrência. A polícia indicou no documento que, caso ela seja reconhecida pela GCM, deve ser orientada à comparecer na DDM.

g1 apurou que a corporação considera determinante o depoimento da vítima sobre o caso. Segundo a Polícia Civil, somente através do contato com ela, os investigadores terão uma noção clara sobre o que realmente ocorreu no local.

A equipe de reportagem solicitou mais informações sobre o caso à Prefeitura de Santos. Em nota, o município afirmou não ter registrado a ocorrência e acrescentou que, por se tratar de um delito, a responsabilidade da investigação cabe às autoridades policiais.

Crimes

O advogado criminal Mario Badures explicou sobre três crimes que podem ter ocorrido no caso: importunação sex*al, ato obsceno e est*pro de vulnerável.

Segundo ele, o crime de importunação sex*al pode ter ocorrido no momento em que, aparentemente, o homem passou a mão nas partes da mulher sem o consentimento dela. O ato pode resultar em até cinco anos de prisão.

Badures também citou a possibilidade do crime de ato obsceno, caso a relação sex*al seja consensual, no momento em que os dois vão para trás da 'cabana' montada pelo homem. A pena, neste caso, é prisão de três meses a um ano, ou multa.

Por fim, o advogado afirmou que, caso a mulher não estivesse acordada - por eventual embriaguez ou uso de drogas - e tenha sido violentada, é configurado o crime de est*pro de vulnerável. A pena é de oito a 15 anos de prisão.

"A julgar pelas imagens após o ato sex*al, a mulher demonstra certo incômodo, percebendo-se o desconforto até mesmo para andar", disse o advogado. "É uma conduta repugnante, assaz hedionda não só por violentar uma mulher, a priori, indefesa, tratando-a como um mero objeto".

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