Corpo de Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos, foi enterrado no Cemitério de Camaragibe. Durante velório, parentes e amigos da vítima fizeram protesto pedindo justiça.
Foi enterrado no Cemitério de Camaragibe, no Grande Recife, o
corpo de Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos, o motociclista de aplicativo
morto com um tiro por um policial militar enquanto finalizava uma corrida.
Durante o velório, parentes e amigos da vítima fizeram um protesto pedindo
justiça pela morte do trabalhador.
"Tiraram a vida do meu filho, nunca mais vou escutar meu
menino me chamando: 'Mãeinha, eu cheguei, estou em casa'. [...] Arrancaram meu
coração. Quero agradecer a todos os companheiros do meu filho, meu Deus, e que
a justiça seja feita. Tiraram a vida do meu filho. O meu filho era um bom
menino", declarou a mãe de Thiago, Otacília Fernandes.
A cerimônia foi realizada na tarde da segunda-feira (3).
Segundo a família, testemunhas contaram que o policial Venilson Cândido da
Silva, de 50 anos, atirou no motociclista após discutir com ele para não pagar
o valor da corrida, que custava R$ 7. Até o momento, a Polícia Civil, que
investiga o caso, não confirma que esse foi o motivo do desentendimento.
"Ele era a minha luz, era meu norte, era o amor da minha
vida. E me tiraram isso. Me tiraram isso a troco de nada. A troco de quê? De 7
reais? [...] Hoje eu perdi meu marido. A gente tinha o sonho de ter filhos, de
se casar. A gente tinha sonhos de viajar o mundo. Isso tudo foi
interrompido", afirmou a viúva do motociclista, Déborah Lopes.
Espancado por moradores e atendido num hospital após o crime,
Venilson Cândido da Silva foi preso em flagrante e teve a prisão preventiva
decretada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) durante audiência de
custódia. Ele está detido no Centro de Reeducação da Polícia Militar de
Pernambuco (Creed), em Abreu e Lima, no Grande Recife.
O sepultamento de Thiago foi acompanhado por outros
motociclistas de aplicativo, que se reuniram em frente ao cemitério com camisas
e cartazes pedindo a punição do policial militar.
"O objetivo é pedir justiça pela vida de Thiago, que não
vale R$ 7. Foi uma covardia o que esse policial fez com ele", disse o
motociclista Gustavo César da Silva.
Em nota publicada no Instagram, o Sindicato dos
Trabalhadores, Empregados e Autônomos de Moto e Bicicleta por Aplicativo do
Estado de Pernambuco (Seambape) informou que a corrida realizada por Thiago
custou R$ 6,98.
Para a entidade, o caso reflete "a realidade de milhares
de trabalhadores que, diariamente, enfrentam condições precárias, insegurança e
desvalorização".
"Thiago foi assassinado covardemente pelo policial
militar, que se recusou a pagar R$ 7. Não é por ser um policial militar,
poderia ser qualquer outro cidadão que estivesse em poder de uma arma de fogo
ou, até mesmo, de uma arma branca. Além de se submeter ao preço que a
plataforma quer, tem que se submeter ao luxo de um passageiro, que quer um
serviço de luxo e determinar a forma de pagar", disse o presidente do
sindicato, Rodrigo Lopes, à TV Globo.
Motociclista Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos, foi morto com t*ro por PM após finalizar corrida em Camaragibe, no Grande Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp |