A criatura, que morreu pouco depois de ser retirada da água, chamou a atenção nas redes sociais pelo seu tamanho real.
O Museu de Natureza e Arqueologia de Tenerife (MUNA), na
Espanha, recebeu um raro exemplar do peixe abissal Melanocetus johnsonii,
conhecido como "diabo negro do mar". O animal foi avistado por
biólogos no final de janeiro, próximo à costa das Ilhas Canárias, em um evento
considerado extremamente incomum.
A criatura, que morreu pouco depois de ser retirada da água,
chamou a atenção nas redes sociais pelo seu tamanho real: apenas seis
centímetros de comprimento, aproximadamente o tamanho de um dedo médio.
CONTINUA
DEPOIS DA PUBLICIDADE
O peixe foi avistado a apenas dois quilômetros da costa de Tenerife, algo incomum para uma espécie que normalmente vive entre 200 e 2.000 metros de profundidade. Segundo a ONG Condrik Tenerife, especializada na conservação de tubarões e raias, registros como esse são raríssimos. "Se ele tivesse dez metros, seria aterrorizante. Felizmente, tinha apenas seis centímetros", brincou o biólogo Marc Martín Solá, responsável pela captura e doação do espécime ao MUNA.
![]() |
Tamanho real do peixe 'diabo negro' - Foto: Museo de Naturaleza y Arqueología en Tenerife (MUNA) |
As fêmeas do Melanocetus johnsonii, como a encontrada em
Tenerife, possuem cabeça grande, boca ampla e dentes longos e afiados, podendo
atingir até 18 centímetros. Já os machos são menores, alcançando no máximo três
centímetros, e não possuem o illicium, a estrutura luminosa característica da
espécie.
CONTINUA
DEPOIS DA PUBLICIDADE
O comportamento do animal intrigou os especialistas.
Diferente de outros peixes abissais que costumam afundar, esse tentava subir
para a superfície repetidamente. "Nós o submergíamos a um metro, e ele
voltava automaticamente para cima, como se tivesse algum distúrbio sensorial ou
estivesse fugindo de algo", explicou Marc.
Por essa razão, o biólogo acredita que o peixe possa ter sido um verdadeiro "refugiado" das profundezas. Segundo ele, animais que sobem rapidamente podem estar tentando escapar de alguma ameaça, mas, ao perceberem que não conseguem mais voltar, acabam presos na superfície.
Tamanho real do peixe 'diabo negro' - Foto: Museo de Naturaleza y Arqueología en Tenerife (MUNA) |
O avistamento ocorreu em 26 de janeiro, quando a equipe da
Condrik Tenerife retornava ao porto após uma expedição sobre tubarões. O
fotógrafo de fauna marinha David Jara registrou as imagens do animal vivo ao
lado dos biólogos Laia Valor e Antonio Sabuco.
"Vimos algo escuro na água, parecia um objeto qualquer.
Quando nos aproximamos, percebemos que era o diabo negro", relatou Laia ao
jornal El Mundo.
Até então, registros desse peixe se limitavam a larvas,
exemplares mortos ou imagens feitas por submarinos. Segundo a ONG Condrik
Tenerife, esse pode ser o primeiro registro de um diabo negro adulto, vivo, à
luz do dia e na superfície, tornando o encontro ainda mais especial para a
ciência.