Família foi encontrada durante patrulha; mãe buscava vida espiritual em meio à mata
Em uma encosta coberta por mata densa no sul da Índia, uma
patrulha policial fez uma descoberta inusitada: uma mulher russa e suas duas
filhas pequenas estavam vivendo em completo isolamento dentro de uma caverna,
cercadas por riscos naturais e longe de qualquer estrutura urbana. A cena,
digna de um roteiro de cinema, ocorreu no último dia 9 de julho, na cidade de
Gokarna, no estado indiano de Karnataka.
A mulher foi identificada como Nina Kutina, de 40 anos,
também conhecida pelo nome espiritual Mohi. Com ela estavam as filhas Prema, de
seis anos, e Ama, de quatro. O trio vivia em condições improvisadas: o chão da
caverna era coberto por lonas plásticas, e a alimentação baseava-se quase
exclusivamente em macarrão instantâneo.
Segundo Kutina, o isolamento era uma escolha consciente. Ela
afirmava buscar uma vida espiritual longe da sociedade, devotada à meditação e
a rituais inspirados no hinduísmo. No interior da gruta, a mulher havia
instalado um altar com uma estátua da divindade Rudra, transformando o local em
seu santuário pessoal.
Visto vencido e área de risco
Durante a abordagem, a polícia verificou que a russa havia entrado na Índia com visto de negócios, expirado desde 2017. Ela chegou a deixar o país por um breve período em 2018, rumo ao Nepal, mas retornou logo depois — desde então, permaneceu em situação irregular.
As autoridades ficaram especialmente preocupadas com o
bem-estar das crianças, que, embora não apresentassem ferimentos ou sinais
graves de desnutrição, estavam vivendo em uma área considerada perigosa, com
cobras venenosas, possibilidade de deslizamentos de terra e total ausência de
estrutura sanitária.
Retirada e acolhimento
Após diálogo com os policiais, a mulher foi convencida a
deixar a caverna. Ela e as meninas foram levadas para um ashram, espécie de
retiro espiritual, administrado por uma monja octogenária na vila de
Bankikodla.
A família agora está sob cuidados e monitoramento das
autoridades locais, que analisam a situação documental e as condições de
permanência da estrangeira no país.
O caso repercutiu nas redes sociais e veículos de imprensa,
levantando debates sobre os limites da liberdade espiritual, o bem-estar de
crianças em contextos extremos e os desafios da migração irregular motivada por
crenças pessoais.