O casal de dentistas Gustavo Rodrigues e Telma Rodrigues vive
há seis anos em conflito com uma delegacia da Polícia Civil instalada em frente
à sua residência na Mooca, zona leste de São Paulo. Desde a reforma do
prédio, as viaturas que chegam com presos em flagrante ocupam a rua
diariamente, causando transtornos para a família.
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Com vagas insuficientes para o número de viaturas, os
policiais costumam estacionar sobre a calçada, bloqueando a passagem, o acesso
às garagens e comprometendo a rotina dos moradores do bairro.
Os dentistas registraram em vídeos os momentos que a polícia estacionou em frente à casa deles e quantos pedidos foram feitos para os oficiais liberarem o local. O casal então passou a estacionar seu próprio carro em frente à casa — atitude que lhes rendeu 11 multas por parar em guia rebaixada, mesmo sendo da própria casa.
Em uma das gravações - feita por câmeras de segurança instaladas pelos próprios dentistas -, um policial chegou a sacar a arma e apontar para a família depois de ouvirem um pedido de Gustavo para liberarem o local.
| Homem é preso e soma 11 multas por tentar proibir que polícia estacione em frente à sua casa — Foto: Profissão Repórter |
O excesso de pedidos fez com que Gustavo fosse detido duas
vezes por desacato à autoridade. O caso mais recente ocorreu há duas semanas,
quando ele foi retirado de casa à força, algemado e detido.
No mesmo dia, o padre Júlio Lancellotti, da paróquia próxima
à delegacia, tentou intermediar uma conciliação entre Gustavo e a Polícia
Civil.
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Segundo o padre, antigamente os presos entravam por uma porta
lateral, o que ajudava a evitar o bloqueio da rua. Ele ressalta que a
permanência dos veículos na calçada afeta a liberdade de circulação dos
moradores da região.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo afirmou que "acompanha com atenção os relatos recebidos [...] e que a Polícia Militar reforça com seus efetivos a orientação para que utilizem exclusivamente as vagas em frente ao distrito e respeitem as áreas residenciais". Veja a nota completa na imagem abaixo.
Apesar da tensão, outros vizinhos evitam se manifestar por
medo de retaliação, mas Gustavo reafirma que não pretende deixar o bairro onde
nasceu e vive há décadas.