Polícia Federal vai apurar envolvimento de crime organizado no caso

Bebidas alcoólicas contaminadas com metanol causaram a morte de três pessoas Crédito: Freepik
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta
terça-feira (30) que a Polícia Federal iniciou uma investigação para
identificar a origem do metanol usado para adulterar bebidas alcoólicas em São
Paulo. Ele ressaltou que há indícios de que a rede de distribuição possa operar
também em outros estados.
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O metanol é extremamente tóxico e pode causar morte. Em São
Paulo, seis casos de intoxicação foram confirmados, incluindo três óbitos,
enquanto outros dez ainda estão em apuração. Um caso foi descartado. Segundo o
Ministério da Saúde, não há sinais de novos casos. Até o momento, a PF não
identificou nenhuma marca ou importação específica ligada às ocorrências.
O processo conhecido como “batismo” das bebidas consiste em
falsificadores que adulteram garrafas de marcas famosas, como gin e vodca,
adicionando metanol ao conteúdo. Após a alteração, os produtos são colocados no
mercado. Quem consome a bebida contaminada pode demorar horas até apresentar
sintomas, que incluem cólica intensa e perda de visão.
Na segunda-feira, Lewandowski determinou ao diretor-geral da
PF, Andrei Rodrigues, que abrisse o inquérito para apurar a procedência da
substância e mapear a rede de distribuição, que aparentemente ultrapassa os
limites de São Paulo.
"Tudo indica que há distribuição para além do estado de
São Paulo", afirmou o ministro. Ele acrescentou que o número elevado e
incomum de intoxicações chamou atenção, já que normalmente casos de metanol
envolvem pessoas em situação de vulnerabilidade.
Diante da situação, o sistema federal que monitora
intoxicações por causas desconhecidas emitiu alerta nacional. No sábado (27), a
Secretaria de Defesa do Consumidor divulgou nota técnica orientando
estabelecimentos a redobrar atenção a bebidas alcoólicas suspeitas, analisando
rótulos e embalagens com aparência alterada.
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A fiscalização já começou. Lojas onde foram identificadas
bebidas contaminadas receberão notificações do Ministério da Justiça para
rastrear fornecedores, descobrir quem manipulou os produtos e determinar quais
tipos de bebidas foram consumidos pelas vítimas.
Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, os casos
recentes representam uma situação "anormal". "O país costuma ter
20 casos por ano de intoxicação por metanol. A partir de setembro, já tivemos
quase metade das notificações anuais concentradas em São Paulo, o que chama
atenção", explicou. O ministério irá publicar nota técnica detalhando os
sintomas e definindo critérios para casos suspeitos, orientando profissionais
de saúde sobre como agir.
O país conta com 32 centros de informação e assistência
toxicológica do SUS, disponíveis em todos os estados, para orientar a população
sobre intoxicações.
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, também
não descartou envolvimento do crime organizado. Ele citou investigações
anteriores sobre a cadeia de combustível, que revelaram um esquema envolvendo
importação de metanol pelo porto de Paranaguá, reforçando a necessidade de
apuração. "A investigação dirá se há conexão com o crime organizado",
disse Rodrigues, contrariando a posição do secretário da Segurança Pública de
SP, Guilherme Derrite (PL).