Modelo da Universidade de Nicósia alerta para a possibilidade de transmissão do vírus quando as pessoas não respeitam distanciamento
Em meio à pandemia de
Covid-19, o uso de máscaras de proteção tem sido recomendado por entidades de
saúde para conter a disseminação do novo coronavírus. No entanto, uma simulação
realizada por pesquisadores da Universidade de Nicósia, no Chipre, mostra que,
apesar de reduzir as chances de transmissão, a proteção não impede que
gotículas produzidas ao tossir, espirrar, falar e, até mesmo, respirar se
espalhem pelo ambiente.
Os autores do modelo
consideraram condições climáticas, turbulência do ar e temperatura da pele e da
boca de uma pessoa doente para montar simulações computacionais. Os resultados
foram divulgados na terça-feira (16/06), na revista científica Physics of Fluids.
Os testes foram baseados
em uma máscara cirúrgica padrão e mostraram que, o uso dela bloqueia o jato de
gotículas contaminadas para a frente, mas permite vazamentos ao redor da parte
superior, inferior e lateral. De acordo com o trabalho, algumas partículas
podem alcançar mais de 1,2 metro antes de caírem em uma superfície.
A proteção fornecida pela
máscara se torna menos eficiente no caso de a pessoa tossir repetidas vezes
pois a pressão aumenta e o jato de ar com as gotículas acaba sendo direcionado
para frente. “Embora as máscaras cirúrgicas e N95 desacelerem o jato turbulento,
nenhuma delas impedirá que as gotículas penetrem totalmente ou escapem da
máscara”, diz o texto. Após dez ciclos de tosse, a eficiência pode cair em até
8%.
Os autores do estudo,
Talib Dbouk e Dimitris Drikakiss, concluíram que, sem usar máscara, as gotas
viajam, em média, por cerca de 70 cm. Com a proteção, essa distância é reduzida
pela metade. No entanto, em ambos os casos, ainda existem gotículas isoladas
transmitidas além de 70 cm.
“As implicações da
eficiência reduzida da máscara e da transmissão de gotículas respiratórias para
longe da máscara são ainda mais críticas para os profissionais de saúde”,
destaca o texto, sugerindo que os profissionais incluam o uso de capacetes com
filtros de ar embutidos, protetores faciais, aventais descartáveis e
conjuntos duplos de luvas.
Por isso, mesmo com a
máscara, é importante respeitar o distanciamento social de, pelo menos, 2
metros. Na última semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou o
documento que faz recomendações sobre o item de proteção individual e destacou
que elas sozinhas não são suficientes para evitar a disseminação do
coronavírus.



