Governo deve reduzir auxílio para R$ 250 e prorrogá-lo até dezembro

Com a decisão, Bolsonaro optaria por um meio termo entre os R$ 200 defendidos por Paulo Guedes, e os R$ 300 sugeridos pela ala política do governo

Integrantes do governo sinalizaram a parlamentares que o auxílio emergencial para os trabalhadores informais e desempregados deve ser prorrogado até dezembro no valor de R$ 250 (atualmente, o pagamento é de R$ 600). Com a decisão, o presidente Jair Bolsonaro optaria por um meio termo entre os R$ 200 defendidos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e os R$ 300 sugeridos pela ala política do governo.

O martelo ainda não estava batido e a decisão deve sair até amanhã, mas os valores foram comentados por Bolsonaro e auxiliares em conversas com deputados e senadores para medir as resistências à mudança — até agora, o governo tem encontrado apoio da maioria dos congressistas, que entendem que o impacto de prorrogar em R$ 600 é elevado demais para as contas públicas.

Bolsonaro conversou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pela manhã e ouviu o compromisso de que o Congresso não tentará desgastar o presidente politicamente pela redução do valor e que a maioria dos deputados apoiará a nova proposta, por entenderem que o impacto nas contas públicas é muito elevado. A mudança no valor dependerá do envio de uma medida provisória (MP). A oposição deve ser contra e defende manter os R$ 600 até dezembro.

Os R$ 250 até dezembro seriam uma transição para a reformulação do Bolsa Família que é preparada com a unificação de outros programas sociais, como o abono salarial e o seguro-defeso. O governo ainda não fechou o modelo e, com a prorrogação até dezembro, ganharia tempo para negociar. O fim do abono salarial, por exemplo, depende de uma proposta de emenda constitucional (PEC), mais difícil e demorada de ser aprovada.

Ontem, em cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que considera baixo o valor de R$ 200 para as próximas parcelas do auxílio emergencial, mas que manter o atual patamar “pesa muito para a União” e que, por isso, estava em busca de um “meio termo” para estender o benefício por “mais alguns meses”.

“Os R$ 600 pesam muito para a União, isso não é dinheiro do povo, que está guardado. Isso é endividamento. E se o país endivida demais, acaba perdendo sua credibilidade para o futuro”, afirmou o presidente. “Então, R$ 600 é muito, o Paulo Guedes, alguém da Economia, falou em R$ 200. Eu acho que é pouco, mas dá para chegar a um meio termo e buscarmos que ele seja prorrogado mais alguns meses, talvez até o final do ano”.

Os R$ 600 custam, por mês, R$ 50 bilhões. O pagamento tem levado a um endividamento recorde da União, ampliado o déficit fiscal e só é possível por causa do “Orçamento de Guerra”, emenda constitucional que flexibilizou regras fiscais por causa da pandemia da covid-19. O corte para R$ 250 reduziria os valores para cerca de R$ 21 bilhões por mês — ainda assim um valor bastante elevado, já que o Bolsa Família custa, por ano, R$ 30 bilhões.

Guedes reforçou que não há como manter os R$ 600, mas disse que a orientação é dar o maior valor possível. “O presidente está dizendo: vamos tentar fazer o máximo possível dentro dos recursos que temos, para ir esticando isso [os pagamentos”, disse.

Na cerimônia, Bolsonaro defendeu que as ações do governo chegaram a 65 milhões de pessoas. “O auxílio emergencial, em municípios mais pobres, chegou a triplicar, quadruplicar ou quintuplicar o dinheiro que chegava na ponta da linha do município”, destacou. Internamente, o governo avalia que o auxílio foi responsável por impulsionar os índices de popularidade do presidente, apontadas em pesquisa Datafolha na semana passada.

Diante de 110 mil mortes por covid-19 no país, Bolsonaro disse considerar que sempre esteve no caminho certo em seus discursos que pregavam a necessidade de limitar o isolamento social para diminuir o impacto econômico e preservar empregos. “A turma do ‘fica em casa’ e a turma do contra disse[ram] que eu sou insensível, que a economia se recupera e a vida, não”, afirmou. “Hoje em dia já se começa a notar que lá atrás o governo estava no caminho certo. Enquanto se fechava quase tudo no Brasil, nós aqui não paramos”, reforçou.

Ele assinou ontem a sanção de duas medidas provisórias voltadas à criação de linhas de crédito para as empresas — a 944, para pagamento da folha de salários, e a 975, de capital de giro para pequenas e médias empresas. No discurso, o presidente reforçou o apoio a Guedes, que nos últimos dias protagonizou um embate com outros ministros sobre o teto de gastos, que proíbe que as despesas do governo cresçam acima da inflação. “Eu estou tão ligado ao Paulo Guedes que eu moro no [Palácio da] Alvorada e ele mora no Torto”, brincou o presidente, se referindo às residências oficiais do presidente. (Colaboraram Matheus Schuch, Mariana Ribeiro e Estevão Taiar).

Conteúdo originalmente publicado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico

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