Um grande meteoro iluminou o
céu do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina na madrugada desta quinta (1º).
Muitas pessoas se assustaram com o fenômeno, que foi captado por câmeras de
astrônomos profissionais e amadores do Sul do país e por um satélite.
A Bramon (Brazilian Meteor
Observation Network). com seus parceiros do Clima ao Vivo, e o observatório
Heller & Jung registraram imagens impressionantes da queda do bólido —nome
dado a meteoros que explodem com muito brilho.
O objeto teve brilho superior
ao Lua cheia e por isso, pode ser chamado de superbólido. O espetáculo clareou
a noite por volta de 1h09, durante menos de dez segundos, o suficiente para ser
presenciado por dezenas de pessoas do Sul do Brasil.
Intrigados, diversos
internautas postaram nas redes sociais terem visto o clarão. Alguns até ouviram
barulhos de explosão ou sentiram tremores; há até relatos de postes de
iluminação que se desligaram.
Um meteoro de grandes proporções foi registrado nesta madrugada no Rio Grande do Sul. A queda ocorreu por volta da 1h09, na região de Caxias do Sul, Serra gaúcha, e foi registrada a partir de Taquara pelo Observatório Espacial Heller & Jung. @CNNBrasil pic.twitter.com/F5XFNlez7F
— Bruna Ostermann (@brunaostermann) October 1, 2020
Esse foi um dos maiores
bólidos já registrados no país. A Bramon estima que se tratava de um objeto com
entre 3 e 10 toneladas de massa. Ele entrou na atmosfera a uma altitude de 100
km e explodiu bem acima da Serra Gaúcha, na região de Caxias do Sul (RS).
Análises preliminares, feitas a partir da triangulação dos vídeos, permitiram
traçar sua trajetória.
"Ele começou a brilhar a
cerca de 89,5 km sobre a Zona Rural a Leste de Caxias do Sul e seguiu na
direção norte, a 16,9 km/s (60,9 mil km/h) em um ângulo de entrada de 44° em
relação ao solo. Durante 6 segundos, o meteoro brilhou intensamente até sua
explosão final e extinção a 22 km de altitude sobre o município de Vacaria,
também no Rio Grande do Sul", afirma a Bramon.
Devido à altíssima velocidade
e ao ângulo abrupto de entrada, o corpo (um pequeno asteroide) explodiu,
resultando em um superbólido. Esse processo gerou uma onda de choque, que
explica os sons e tremores sentidos pelos moradores da região.
"Os fragmentos que sobram
na atmosfera em geral não são grandes, têm apenas alguns gramas, mas são tão
rápido e inclinados que deslocam o ar violentamente, gerando um aumento abrupto
de pressão e temperatura e o forte brilho. O que sentimos em solo é a onda de
choque, e não o resultado de uma colisão com a superfície da Terra",
explica Diego de Bastiani, coordenador da Exoss, outra organização brasileira
de monitoramento de meteoros.
Em solo, devem ter caído
apenas pequenos resquícios bólido, que recebem o nome de meteoritos. Essa parte
que sobra é tão fragmentada que dificilmente representa algum risco a pessoas
ou construções.
"Um objeto desse tamanho,
com relato de barulhos, de tremor de terra, indica que sobraram meteoritos, que
devem estar espalhados por uma grande área campestre. Um evento muito violento,
que certamente assustou muita gente, mas que para nós é muito empolgante",
acredita Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon.
Imagens do satélite
meteorológico GOES-16, geoestacionário a 36 mil km de altitude, mostram o
clarão do bólido visto do espaço.
"Esse instrumento foi
feito para detectar relâmpagos. Veja que aparecem vários sobre as nuvens. Mas
tem um, no centro da imagem, que surge repentinamente onde não há nuvens. É o
bólido. Por essas imagens e pelos vídeos que captamos, acreditamos que foi um
evento mais intenso, mais energético, do que o que gerou os meteoritos de Santa
Filomena, em agosto", explica Zurita.
Clarão no centro da imagem, próximo a cidades, é de meteoro que explodiu
Fragmentos de meteoros são
importantes aliados nos estudos sobre a formação do Sistema Solar e até sobre o
surgimento da vida na Terra. No Brasil, não existe uma regulamentação que deixe
esses resquícios para pesquisa e, em eventos como esse, podem acontecer
corridas por pessoas em busca das partes do meteoro para posterior
comercialização.
Com informações UOL.
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