Em adultos, a síndrome frequentemente está associada a retardo mental, psicose e gravidez
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Foto: Reprodução/Internet |
A Síndrome de Pica é um transtorno
alimentar caracterizado pelo consumo persistente de substâncias que
não são consideradas alimentos. Embora seja normal que crianças pequenas levem
à boca objetos como grama ou brinquedos, pessoas com esse
distúrbio vão além desse comportamento exploratório, o que pode trazer sérias
consequências à saúde. Nos adultos, a síndrome — pronunciada páica —
costuma estar associada a condições como deficiência intelectual, psicose
e até mesmo à gravidez.
Causas da Síndrome de Pica
De acordo com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós-PhD em
Neurociências e membro da Sigma Xi (The Scientific Research Honor
Society), a origem da Síndrome de Pica pode variar bastante. Entre
os fatores envolvidos estão anemia, carência de nutrientes, transtornos
psiquiátricos como depressão, ansiedade, tricotilomania, além de
condições como deficiência intelectual (DI) e Transtorno do Espectro Autista
(TEA).
O distúrbio também pode estar ligado à desnutrição ou
à fome, já que ingerir substâncias não comestíveis pode provocar sensação
temporária de saciedade. Desejos incomuns podem ainda surgir devido à
deficiência de minerais como ferro e zinco. Em casos mais raros, a síndrome
pode se manifestar após uma cirurgia bariátrica.
Fatores culturais
Fatores culturais ou comportamentos aprendidos também podem influenciar o
desenvolvimento da síndrome. O neurocientista observa ainda que lesões no lobo
temporal — área do cérebro relacionada à memória semântica — podem estar
envolvidas, indicando uma possível disfunção neurológica.
Além disso, estudos identificaram a presença da Síndrome de
Pica em pessoas com Transtorno Depressivo Maior e distúrbios
ligados à ansiedade. Isso se deve, em parte, à baixa produção de serotonina,
substância essencial para o equilíbrio emocional e que, quando deficiente, pode
contribuir para o surgimento de diversos distúrbios comportamentais. “Os baixos
níveis desse neurotransmissor, por exemplo, aumentam compulsões alimentares
como a chamada Síndrome de Pica”, afirma.
Dentre os muitos neurotransmissores presentes no corpo
humano, a serotonina se destaca por sua importância em
diversas funções essenciais. Ela está diretamente envolvida na regulação do
humor, controle da fome e da saciedade, qualidade do sono, temperatura corporal
e também no desempenho das funções cognitivas.
Como é feito o diagnóstico
A identificação da Síndrome de Pica envolve uma série
de exames laboratoriais e de imagem. São analisadas amostras de urina
e fezes para detectar possíveis infecções ou deficiências nutricionais. Além
disso, exames como raio-X, tomografia computadorizada (TC), ressonância
magnética (RM), ultrassonografia e outros métodos de imagem ajudam a verificar
possíveis complicações internas decorrentes da ingestão de substâncias não
comestíveis.
O eletrocardiograma (ECG ou EKG) também pode ser solicitado
para avaliar o funcionamento elétrico do coração, especialmente se houver
suspeita de distúrbios eletrolíticos ou infecções parasitárias associadas ao
quadro.