Dores de cabeça, dores musculares, febre e vômitos estão entre os sintomas
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Sede da OMS Crédito: Shutterstock |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta para um
surto de antraz na República Democrática do Congo. Pelo menos 16 casos
suspeitos da doença foram notificados e uma pessoa morreu, segundo informações da
Organização das Nações Unidas (ONU). A infecção bacteriana, que afeta
principalmente animais, pode ser transmitida a seres humanos direta ou
indiretamente por animais ou produtos de origem animal contaminados. Em seres
humanos, o antraz geralmente não é considerado contagioso, embora haja
notificações raras de contaminação entre pessoas.
De acordo com a OMS, quando os esporos de antraz são
ingeridos, inalados ou entram no corpo por meio de abrasões ou cortes na pele,
eles podem germinar, multiplicar-se e produzir toxinas. Insetos podem
transmitir a bactéria entre animais. Já a ração animal pode ser contaminada por
antraz se contiver farinha de ossos de animais infectados. Humanos, por
sua vez, podem ser infectados se manusearem ou estiverem envolvidos no abate de
um animal doente, ou se estiverem em contato com produtos de origem animal
contaminados (como carne, sangue, lã, couro, ossos).
Existem três formas de manifestação clínica do antraz em
humanos, sendo que o cutâneo é a forma mais comum. Geralmente, a bactéria
é contraída quando uma pessoa com uma lesão na pele, como um corte ou uma
abrasão, entra em contato direto com esporos de antraz. A protuberância
resultante, que coça, rapidamente se transforma em uma ferida
preta. Algumas pessoas então desenvolvem dores de cabeça, dores
musculares, febre e vômitos. Os primeiros sintomas são semelhantes aos de
um resfriado comum, mas podem progredir rapidamente para dificuldades
respiratórias graves e choque.
O antraz gastrointestinal é resultado da ingestão de carne de
um animal infectado e causa sintomas iniciais semelhantes aos de uma
intoxicação alimentar, que podem piorar e causar dor abdominal intensa, vômito
com sangue e diarreia intensa. A forma mais grave e rara de antraz em
humanos é o chamada antraz por inalação ou antraz pulmonar, causada quando uma
pessoa é exposta diretamente a um grande número de esporos de antraz suspensos
no ar e os inala.
Os casos República Democrática do Congo estão
concentrados em quatro áreas do Lago Eduardo, na fronteira com Uganda. Do
lado ugandense da fronteira, sete casos suspeitos foram notificados no oeste do
distrito de Kabale. Autoridades locais informaram que o surto foi
registrado na província de Kivu do Norte, no leste do país, que já é alvo de
conflitos violentos entre tropas do governo e rebeldes.
A bactéria Bacillus anthracis produz toxinas extremamente
potentes, causando alta taxa de letalidade. Para conter o surto, a OMS
autorizou nova campanha de vacinação em rebanhos, já que a doença afeta
tipicamente ruminantes como vacas, ovelhas e cabras. Agentes de saúde
buscam entender a fonte do surto no país e como têm funcionado as cadeias de
transmissão, além de fornecer medicamentos e tratamentos a pessoas infectadas e
seus contatos próximos.
Atualmente, existem vacinas contra o antraz para animais e
também para humanos. Doses veterinárias são usadas para o controle da doença em
animais, enquanto o estoque de vacinas humanas é limitado e utilizado em
indivíduos selecionados com possível exposição.