Esse álcool é usado na indústria para ajudar em reações químicas, mas é extremamente perigoso ao ser consumido
O número de notificações de intoxicação por
metanol após ingestão de bebida alcoólica subiu para 195 no
Brasil, segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado neste sábado, dia 4.
São 14 casos confirmados, o que inclui duas mortes, e 181 em investigação.
O recente crescimento no número de casos de intoxicação por
metanol está sendo atribuído ao consumo de bebidas alcóolicas
adulteradas. Em São Paulo, ao menos seis estabelecimentos foram
interditados pelo governo por suspeita de venda de produtos contaminados.
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O que é metanol?
O metanol é um tipo de álcool, composto por um átomo de
carbono ligado a três hidrogênios (grupo metila, CH₃) e a um grupo hidroxila
(–OH). “Ele não possui cor e praticamente não possui odor, então seria
facialmente confundindo com etanol, que é normalmente utilizado”, diz
Rogério Machado, professor de Engenharia Química da Universidade Presbiteriana
Mackenzie.
Esse grupo hidroxila faz com que essa seja uma molécula polar
e capaz de formar ligações de hidrogênio com a água, o que faz com que ela se
dissolva facilmente. Além disso, ele é um composto inflamável.
Como é produzido o metanol?
A principal maneira hoje em dia de produzir metanol é a
partir de uma reação entre o gás natural (metano) com o vapor e monóxido de
carbono (CO).
Porém, não é qualquer fábrica que pode produzir metanol, uma
vez que o risco da sua produção é elevado.
“É preciso um sistema de segurança muito bom, porque o
produto é tóxico. Além disso, o monóxido também é tóxico, então é preciso
de fábricas um pouco maiores para fazer de o metanol”, explica Machado.
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Onde é usado o metanol?
Machado explica que o metanol é utilizado em sintases
químicas para a produção de outros produtos ou como auxílio em reações e
análises químicas.
“Ele também serve para biocombustíveis, porque ele tem um
único carbono, então ele queima muito rápido”, diz o especialista.
Quanto custa 1 litro de metanol?
A venda do metanol é regulamentada Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Além disso, Machado diz “é preciso ter licença, alvará e
certificado de vistoria de polícia civil dizendo quantos litros a pessoa é
autorizada a comprar”, uma vez que o produto é controlado devido a sua
toxidade.
Ainda assim, é possível encontrar embalagens pequenas, de um
litro, sendo vendidas a partir de R$ 20 na internet.
Quais os efeitos do metanol no corpo humano após ingestão?
O metanol também oxida com facilidade, formando em um
primeiro momento o formaldeído (H₂CO). Porém, uma vez que ele tenha oxidado
completamente, o metanol vira ácido fórmico (HCOOH) e CO₂. É esse processo que
torna o metanol tóxico quando ingerido por uma pessoa.
Os efeitos são graves e podem ser fatais.
Sintomas iniciais:
- Dor
de cabeça;
- Náuseas,
vômitos;
- Tontura;
- Dor
abdominal.
Sintomas graves:
- Perda
da visão (cegueira);
- Dificuldade
para respirar;
- Convulsões;
- Coma;
- Parada
respiratória;
- Morte.
“Tudo depende da exposição que você tem ao metanol. Em um
laboratório, é preciso usar luva, máscara e viseira para evitar contaminação.
Já no caso da bebida, não há nenhuma quantidade segura, porque nós vamos
processar como qualquer outro álcool e a sua oxido redução gera produtos
tóxicos”, explica Machado.
Por que colocaram metanol nas bebidas alcoólicas?
Ainda não se sabe ao certo como o metanol foi adicionado nas
bebidas que estão intoxicando as pessoas nos últimos dias.
Porém, normalmente, essa é uma forma utilizada para
baratear a produção ilegal e aumentar o teor alcóolico de bebidas. “Como
tem o gosto da bebida, você não sente a diferença e se a pessoa passa mal
depois, ela só vai achar que bebeu além da conta e não que estava bebendo
metanol.”
Também é possível que o metanol tenha sido adicionado nas
bebidas como parte de um erro técnico durante a produção de cachaças, licores
ou outros destilados clandestinos. Porém, o professor do Mackenzie acredita que
esse tipo de erro é mais incomum.
Fonte: Valor Investe
