Médicos explicam quais os problemas causados por uso abusivo de medicamentos

Remédios Crédito: Reprodução - Correios 24 horas
Gastrite, úlcera, insuficiência renal e danos no fígado.
Esses são alguns dos muitos problemas que podem ser causados pelo uso abusivo
de remédios para dor, os analgésicos. Mais de 215 milhões de doses de
dipirona, um dos medicamentos desse tipo mais vendidos no Brasil, foram
vendidas em apenas um ano. É como se todos os brasileiro tivessem comprado ao menos
um remédio durante 365 dias.
O conteúdo continua após o anúncio 👇
Apesar de serem vendidos livremente em farmácias, sem
necessidade de receita médica, os analgésicos podem causar danos graves à
saúde. É o que explica o médico neurologista Mateus Santana do Rosário. "O
uso indiscriminado acontece quando as pessoas utilizam o medicamento sem
indicação clara. Por exemplo, a pessoa sente qualquer desconforto e acredita
que vai melhorar com os analgésicos. A partir do momento que isso é feito com
muita frequência, várias vezes no dia ou da semana, é um risco",
explica.
Os analgésicos são divididos em anti-inflamatórios não
esteroides, caso da dipirona e paracetamol, por exemplo, e os opioides, como
tramadol, morfina e oxicodona. A segunda classe é indicada para dores intensas,
que requerem prescrição e têm risco de dependência. O médico Mateus do Rosário
ressalta que os sintomas gastrointestinais provocados pelo uso em excesso são
os mais comuns.
"Os analgésicos mais clássicos podem provocar alterações
no estômago, como úlcera e gastrite. Outro risco é quando o paciente começa a
perder a função do rim ou do fígado por conta do uso. Além disso, existe o
risco de reações alérgicas", afirma.
O conteúdo continua após o anúncio 👇
O médico Gustavo Flausino, coordenador de Anestesiologia e da
Clínica de Dor do Hospital Mater Dei Emec, chama atenção para outros riscos do
uso abusivo dos medicamentos. "Pode haver risco de dependência ou
tolerância [quando a dose terapêutica não gera o efeito desejado], interações
com outros medicamentos e até mascarar doenças graves, atrasando o diagnóstico
correto", ressalta.
O uso indiscriminado de analgésicos pode esconder doenças
mais graves ao aliviar a dor e outros sintomas, fazendo com que a doença de
base pareça não existir ou ser menos séria. Isso retarda a busca por avaliação
médica e O início do tratamento correto. Nesse caso, pessoas idosas, crianças,
gestantes e pessoas que possuem doenças crônicas correm mais risco.
"Devem tomar cuidado a população idosa e quem possui
dores de doenças crônicas pré existentes, como diabetes, hipertensão, problemas
renais ou hepáticos. Esses indivíduos são mais vulneráveis a efeitos
colaterais. Também vale ressaltar o grupo de crianças e gestantes, que
necessitam de doses seguras e medicações específicas",
completa Gustavo Flausino.
Dados mais recentes da InterPlayers, hub de
negócios da saúde, apontam que as vendas de medicamentos analgésicos
cresceram 42% em 2022 no Brasil, em comparação ao ano anterior. Só em 2024,
mais de 215 milhões de doses de dipirona foram vendidas no país.
O neurologista Mateus Santana do Rosário também explica como
o uso indiscriminado pode prejudicar o diagnóstico da enxaqueca, doença
neurológica que atinge mais de 30 milhões de brasileiro, segundo o Ministério
da Saúde. "É uma doença que causa dor de cabeça crônica, e, às vezes,
o paciente faz muito uso de analgésico para tentar combater a dor, não tem
resultado, e desenvolve outros problemas", afirma.
Fonte: Correio 24 horas