Entre os mortos, estão dois adolescentes
Dos 12 mortos na ação policial, dois eram adolescentes Crédito: Acervo Pessoal
A ação da Polícia Militar que terminou com 12 mortes de
integrantes do Comando Vermelho no último dia de Carnaval (04), foi o resultado
de cinco pontos de confronto na localidade de Thetônio Vilela, em Fazenda
Coutos. As trocas de tiros ocorreram dentro de duas casas, em um beco, uma laje
e em um matagal.
De acordo com uma fonte da Polícia Militar que participou da
ação, os embates com os traficantes ocorrem numa região da Thetônio Vilela
conhecida também como Eixo 21. “O primeiro caiu no beco, alguns correram para o
mato, onde houve outro confronto. Depois, outra parte invidiu duas casas, onde
teve novamente troca de tiros. Por fim, teve um que foi pra laje e de
lá continuou atirando e acabou baleado”, conta a fonte.
CONTINUA
DEPOIS DA PUBLICIDADE
Segundo o militar, dias antes, o CV realizou várias
investidas na tentativa de ocupar a Thetônio Vilela, área do Bonde do
Maluco (BDM). Tão certo assim, vídeos mostram a ação dos traficantes. Um mais
recente, mostra um dos “soldados” na rua com uma arma longa. Já um outro,
montra o “bonde” em progressão no território do inimigo: ao menos 13 suspeitos
caminham encapuzados.
Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (5) sobre a ação de intervenção da polícia, o secretário de Segurança Pública (SSPBA) Marcelo Werner confirmou que a informação de invasão surgiu há 48 horas e que imagens ajudaram o setor de inteligência a encontrar os suspeitos.
Fotos dos 12 mortos circulam nas redes sociais Crédito: Acervo Pessoal
"Houve, inicialmente, uma área de conflito entre as
facções, na disputa que eles promovem em violência para o domínio de
território, para tentativas de domínio de território", disse. Informações
colhidas por denúncias e videomonitoramento comprovaram "o bonde chegando
àquela localidade para provocar terror e morte", acrescentou o secretário,
destacando que, além de moradores expulsos de casas, há possibilidade de
vítimas sob cárcere privado por horas na mira dos bandidos.
De acordo com a fonte, participaram da ação 16 policiais
distribuídos em cinco equipes da Rondesp BTS. Na terça de Carnaval, os
policiais, que já tinham sido informados pelo setor de inteligência sobre a
presença do CV, foram acionados por populares, sobre a presença de homens
armados.
"Os marginais eram invasores e por isso a comunidade não
estava fechada com eles, ou seja, não teve ninguém para avisá-los de que já
estávamos lá. Então, quando os 12 foram para a pista, deram de cara com a
gente”, conta o militar.
No dia seguinte, uma moradora que teve a casa invadida pelos
criminosos prestou depoimento no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa
(DHPP), onde auto de resistência foi registrado. “Ela e toda a família foram
mantidas em cárcere privado e só foram liberadas quando a filha passou
mal", conta o militar.
CONTINUA
DEPOIS DA PUBLICIDADE
Identificados
Logo após as mortes, as fotos dos 12 mortos foram
compartilhadas nas redes sociais. Em algumas imagens eles aparecem armados. Nas
fotos, mensagens lamentando os óbitos: “Fica com Deus, hermanos”, "Pra
sempre serão lembrados. Guerrilheiros” e “Vai com Deus, novato”.
Dos 12 mortos, 11 foram identificados – dois são
adolescentes. São eles: Davi Costa dos Anjos, 17 anos; Douglas Campos da Silva
Batista, 27; Félix de Oliveira Rodrigues, 19; Francisco Ariel Freire Santos,
27; Jackson Vitor Araújo dos Santos, 20; João Cledison Santos Souza, 18;
Leidson Maxwel da Costa Silva, 27; Paulo Ricardo Santos Pereira, 17,
Samuel da Luz Nascimento de Sousa, 24; Uendel Vitor Rodrigues dos Reis, 20 e
Wendel Henrique Nunes dos Santos, 20.
O caso é investigado pela Polícia Civil e acompanhado pelo
Ministério Público da Bahia (MP-BA). Desde o dia das mortes, os ônibus pararam
de circular. Ainda não há previsão de retorno do serviço. A Polícia Militar
intensificou o policiamento no bairro após o episódio, que foi motivado por
disputas entre facções rivais. Os moradores precisam caminhar por cerca de um
quilômetro.