Descoberta feita pela ciência comprova o quanto as cobras-cegas são animais extremamente peculiares
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Cobra e seus filhotes. (Foto: Instituto Butantan) |
A cobra-cega é um dos mais curiosos da natureza, e uma dessas
peculiaridades é nada menos do que surpreendente — para não dizer, impensável.
Os filhotes desse anfíbio são amamentados com leite.
A descoberta é relativamente recente: foi feita por
pesquisadores do Instituto Butantan e publicada há um ano na revista
científica Science, uma das mais prestigiadas do mundo. Os cientistas
descobriram que os recém-nascidos da cobra-cega, também conhecidos como
cecílias, se alimentam de um líquido rico em carboidratos e lipídios que sai
pela cloaca da mãe.
Cabe lembrar que, apesar do nome, esse anfíbio não é
considerado uma cobra e tampouco é cego. Ele recebe esse nome por conta da
aparência e por possuir olhos minúsculos. No entanto, vive debaixo da terra, o
que explica por que é tão raro vê-lo na natureza.
Como cobra alimenta os filhotes
Conforme o estudo, a substância viscosa e transparente das cecílias ovíparas é rica em carboidratos e ácidos graxos — uma composição semelhante à encontrada no leite dos mamíferos. Os filhotes disputam ferozmente lugares ao redor do orifício cloacal, chegando ao ponto de até introduzir suas cabeças nele quase que inteiramente, enquanto se alimentam.
Cobra-cega e seus filhotes. (Foto: Instituto Butantan) |
Mas a descoberta surpreendente não para por aí. Os
pesquisadores do Butantan ainda observaram que os filhotes da cobra-cega emitem
sons concomitantemente a estímulos táteis. Ao que parece, existe uma associação
entre a emissão desses sons e a liberação do leite.
Ou seja, assim como crianças, os filhotes da cobra-cega “choram” quando estão com fome. Essa emissão de som tem a ver com a escuridão do solo onde as cecílias vivem.
Os indivíduos estudados foram coletados na região cacaueira
do sul da Bahia, em meio à Mata Atlântica. Oito autores, sendo a maioria
brasileiros, contribuíram com a pesquisa.
O trabalho é resultado do pós-doutorado do biólogo Pedro Luiz
Mailho-Fontana, sob a orientação do pesquisador Carlos Jared, diretor do
Laboratório de Biologia Estrutural.
Créditos: Primeira Página