Sacerdote acusou trabalhador de destratá-lo em Joinville
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Jair José Aguiar da Rosa e Pe. Fábio de Melo Crédito: Reprodução |
O Sindicato dos Trabalhadores em Turismo, Hospitalidade e de
Hotéis, restaurantes, bares e similares de Joinville e região (Sitratuh)
publicou uma nota de repúdio que reacendeu a polêmica entre o padre Fábio de
Melo e o gerente de café demitido. A entidade que representa os trabalhadores
das categorias se colocou contra a reclamação pública do sacerdote que culminou
na demissão do funcionário e afirmou que está apoiando o trabalhador após o
ocorrido.
Tudo começou quando Fábio de Melo foi às redes sociais
reclamar que teria sido mal atendido pelos funcionários da cafetaria Havana, em
Joinville, em especial o gerente, que o teria destratado. Após a repercussão do
vídeo, Jair José Aguiar da Rosa acabou demitido.
A Sitratuh defendeu que o desligamento se deu somente por
conta da viralização do vídeo e que a responsabilidade da empresa recaiu apenas
para o funcionário em questão. “A empresa optou por culpabilizar injustamente e
isoladamente o empregado através da imediata dispensa, em clara reação à
viralização do vídeo”, diz trecho.
A entidade alega ainda que com a divulgação de somente parte
dos vídeos da câmera, sem o consentimento do trabalhador, a sua reputação
acabou manchada sem chance de defesa. “O empregado foi alvo de um típico
“exposed” nas redes sociais, sendo injustamente transformado em alvo de
cancelamento virtual, com sua imagem (vídeo de câmeras internas) circulando
nacionalmente sem qualquer apuração prévia dos fatos”, destacou o sindicato.
Veja nota completa do Sitratuh
A empresa não apurou os fatos de forma adequada e visando
minimizar os impactos negativos em sua reputação optou por culpabilizar
injustamente e isoladamente o empregado através da imediata dispensa, em clara
reação à viralização do vídeo, conforme noticiado por diversos veículos de
comunicação.
Mais grave ainda, a própria demissão tornou-se objeto de
divulgação pública, com declarações — supostamente atribuídas à empresa —
confirmando que a medida foi motivada pela exposição viral do vídeo.
O empregado foi alvo de um típico “exposed” nas redes
sociais, sendo injustamente transformado em alvo de cancelamento virtual, com
sua imagem (vídeo de câmeras internas) circulando nacionalmente sem qualquer
apuração prévia dos fatos.
Ademais, informações posteriores noticiadas pela imprensa dão
conta de que parte do relato divulgado pelo influenciador não condiz com a
realidade dos fatos, agravando ainda mais a injustiça cometida contra o
empregado, que teve sua imagem profissional manchada sem qualquer chance de
defesa.
Tal conduta empresarial configura, em tese, dispensa
discriminatória e abusiva, com base na Lei 9.029/1995, ofendendo frontalmente
os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III,
CF/88), da valorização do trabalho (art. 170, CF/88) e da proibição de
exposição vexatória do trabalhador (art. 5º, V e X, CF/88).
Diante disso, rechaçamos veementemente qualquer prática de
desligamento motivada por pressões externas ou estratégias de marketing que
recaiam injustamente sobre o trabalhador, atribuindo-lhe de forma indevida e
extremamente gravosa a responsabilidade por situações e atos alheios à sua
conduta. A dignidade do trabalho e do trabalhador deve sempre prevalecer sobre
interesses circunstanciais ou reputacionais.
Por fim, o Sindicato informa que desde o acontecido já estava
com o trabalhador e está acompanhando as providências necessárias e colaborará
para reparar os danos do trabalhador. Permaneceremos atentos e atuantes na
defesa intransigente dos direitos da categoria.
Relembre a polêmica
O Padre Fábio de Melo gerou polêmica ao ir às redes reclamar
do tratamento recebido do então gerente da cafeteria Havana, em Joinville
quando ele questionou que o pote de doce de leite na prateleira do
estabelecimento era menor daquele no sistema. Ele disse ter ouvido: 'se quiser
levar, o preço certo é este'.
A declaração do trabalhador foi confirmada posteriormente com
vídeos da câmara de segurança e empresa o demitiu dois dias depois da exposição
nas redes.
Após o ocorrido que dividiu opiniões nas redes sociais, o
religioso desabafou através de longo texto no Instagram onde refletiu sobre o
ódio e a crueldade na sociedade. O sacerdote falou em "ataques
orquestrados" contra eles na internet e disse estar “a um passo de
desistir”.