Americanas começa demissões no Rio e em Porto Alegre

Cortes devem envolver funcionários indiretos no início, mas serão estendidos ao pessoal contratado em regime CLT

 

Logo das Lojas Americanas - Bruno Santos/Folhapress

A Americanas, uma das maiores varejistas do país, que deu início à recuperação judicial no último dia 19, começou nesta terça-feira (31) os cortes de pessoal.

A Folha apurou que as demissões começaram no Rio de Janeiro, sede da companhia, que foi fundada em 1927 por imigrantes americanos. A próxima etapa deve ser São Paulo, onde está concentrado o maior número de lojas e CDs (centros de distribuição) da varejista.

Os cortes, neste primeiro momento, devem envolver funcionários indiretos, segundo apurou a Folha, mas também serão estendidos ao pessoal contratado em regime CLT.

Em outras praças, onde existem menos pontos de venda, como em Porto Alegre, por exemplo, as demissões já atingem funcionários com menos de um ano de casa, apurou a Folha.

Procurada, a Americanas negou, por meio da sua assessoria de imprensa, que haja demissões, mas ainda não enviou uma nota oficial comentando o assunto.

Uma dificuldade adicional para os cortes é que, na pressa em apresentar a sua recuperação judicial, para não ter recebíveis bloqueados por bancos credores, a Americanas não incluiu os funcionários no processo. Ou seja, o valor devido aos trabalhadores dispensados não poderá entrar no processo de recuperação judicial e deverá ser pago normalmente pela empresa.

A varejista soma cerca de R$ 43 bilhões em dívidas com credores. São cerca de 45 mil funcionários diretos e aproximadamente 60 mil indiretos.

O Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro afirmou que, até o início da tarde, não havia recebido informações sobre demissões na Americanas.

Ao lado de centrais sindicais, a entidade anunciou a realização de um ato em defesa dos trabalhadores da rede. A manifestação está prevista para sexta-feira (3), na Cinelândia, no centro do Rio.

Na segunda-feira (30), representantes de sindicatos comerciários de várias regiões do país se reuniram com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para debater os efeitos da recuperação judicial da Americanas sobre os trabalhadores do setor.

"Nós já temos conhecimento que as demissões começaram, mas a empresa não se comunica e deixa os funcionários aflitos, em estado de apreensão", disse Nilton Neco Souza da Silva, representante dos comerciários da Força Sindical e presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre.

DEMISSÕES VÊM DA NECESSIDADE DE FECHAR LOJAS

A Folha apurou que os cortes devem ocorrer, principalmente, devido à necessidade de fechamento de lojas. Os números são incertos, mas existe a expectativa que ao menos 30% dos pontos de venda fechem as portas, a fim de reduzir os custos fixos com aluguel e pessoal.

O último balanço da varejista, referente ao terceiro trimestre de 2022, indicava uma rede com 3.601 pontos de venda, incluindo as franquias do Grupo Unico (Imaginarium, Puket, MinD e LoveBrands) e da Local (que, junto com as lojas BR Mania, integravam a joint venture Vem Conveniência, desfeita pelo grupo Vibra no último dia 23), além das lojas da rede de hortifrutis Natural da Terra. Esses pontos, porém, não estão envolvidos na recuperação judicial.

As lojas que podem ser fechadas pertencem aos 1.017 pontos no formato tradicional e 783 no formato Express. Elas somam quase 1,3 milhão de metros quadrados.

A Americanas também começou a convocar executivos em cargo de gerência e diretoria para o trabalho presencial (eles trabalhavam remotamente desde o início da pandemia. A Folha apurou que a empresa conta com a impopularidade dessa medida para fazer com que os executivos peçam demissão –o que iria onerar menos a companhia, uma vez que são cargos de mais alto salário.

Permaneceriam no home office apenas os trabalhadores da área administrativa na função de analistas.

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