Estudante tinha solicitado, por meio de uma plataforma on-line, um técnico para consertar o interfone do prédio onde mora. Criminoso se passou por motoboy de loja.
Um morador do bairro da Pompéia, na Zona Oeste de São Paulo,
ao se dar conta de que estava sendo vítima de um golpe, conseguiu tomar
a máquina de cartão de crédito da mão do golpista e estornou
uma cobrança indevida de R$ 2 mil. O caso aconteceu na tarde de sexta-feira
(7).
O estudante de 23 anos contou que tinha solicitado, por meio
de uma plataforma on-line, um técnico para consertar o interfone do prédio onde
mora.
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Um profissional enviou mensagem de volta passando um
orçamento para o serviço no valor de R$ 50 referente à mão de obra e mais R$
47,99 para trocar uma peça do aparelho.
Ficou combinado que, primeiro, um motoboy, supostamente da
loja, iria levar a peça, que deveria ser paga no ato. Só depois o técnico iria
até o local fazer o reparo.
Segundo Lucca, que preferiu que seu sobrenome não fosse
divulgado, o motoboy chegou por volta de meio-dia e disse que o pagamento não
poderia ser via PIX, mas apenas por cartão.
Ele tentou, então, passar o cartão de Lucca três vezes no
modo aproximação (quando apenas se encosta o celular na tela da máquina) e uma
vez o cartão físico, mas a operação não era finalizada.
A todo momento, conta, o criminoso mostrava o visor indicando
que o valor da cobrança era de R$ 47,99. Quando não passou nenhuma vez, ele
disse que iria buscar uma outra máquina.
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"Ali, comecei ali a desconfiar que poderia ser um golpe.
Eu estava do lado dele e fui para trás do portão e o fechei sem fazer alarde,
para que ele não percebesse, mas ainda assim eu não queria acreditar que se
tratava mesmo de um golpe. Dei um voto de confiança", relembra.
Segundo Lucca, a outra máquina que ele trouxe era de um
modelo diferente, em que a aproximação do celular ou cartão tem que ser feita
pela parte de cima, e o painel com o valor não fica visível para o cliente.
O que o salvou foi o alerta recebido no celular.
"Eu não conferi o valor na máquina, mas a notificação do
Apple Pay [sistema de pagamento do iPhone] piscou na hora na tela do meu
celular mostrando que a compra havia sido aprovada e no valor de R$ 2 mil. E o
motoboy dizendo que a compra ainda estava sendo processada. Eu fiquei ali
olhando a tela do celular em silêncio, disfarçando para ele não perceber
nada", diz.
Nessa hora, o criminoso passou a máquina pelo vão da grade do
portão. "Acho que ele ia tentar me dar o golpe de novo, dizendo que da
primeira vez não havia passado", afirma.
Lucca conta que isso tudo aconteceu muito rápido: entre
receber a notificação da compra aprovada e puxar a maquininha da mão dele, se
passaram uns 40 segundos só, calcula.
Meio que no susto, tomei a maquininha da mão dele, e
ele saiu correndo, me xingando e dizendo que eu tinha caído num golpe. Ele
ainda deu umas duas voltas no quarteirão. Liguei para o 190 da polícia, mas
nunca apareceram.
— Lucca, estudante que
quase foi vítima do golpe da maquininha
Já em casa, o estudante colocou a máquina em cima da mesa,
mexeu no menu do aparelho e conseguiu achar a opção para estornar o valor da
compra. Foi possível reverter a operação porque ele tinha o cartão físico para
seguir o procedimento exigido pela maquininha, que é encostar ou inserir
novamente o cartão usado.
Depois, ele foi até uma delegacia do bairro, mas, após
esperar uma hora e 40 minutos, voltou para casa e registrou um boletim de
ocorrência pela internet mesmo. Ele pretende levar a máquina à polícia assim
que tiver mais informações para fazer a representação criminal.
Foi a primeira vez em que ele passou por esse tipo de
situação, que é conhecida como "golpe da maquininha".
Após o ocorrido, a plataforma on-line GetNinjas, por onde
Lucca havia contatado o profissional, mandou uma resposta-padrão para ele
dizendo que iria bloquear o vendedor.
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Questionada pela TV Globo, a Secretaria da Segurança Pública informou que a
Polícia Militar recebeu um chamado para atender a ocorrência e compareceu ao
local, mas não localizou a vítima. Disse ainda que o caso foi registrado como
estelionato e que a vítima precisa fazer uma representação criminal para que a
investigação prossiga.
Abaixo, leia a íntegra da nota da secretaria:
A Polícia Militar esclarece que recebeu um chamado para
atender a ocorrência e compareceu ao local, mas não localizou o solicitante. A
vítima, um homem de 22 anos, registrou os fatos pela Delegacia Eletrônica.
Segundo ele, após solicitar o conserto de um interfone por uma plataforma
on-line, um motoboy compareceu ao seu endereço e, ao aproximar seu cartão da
máquina para efetuar o pagamento do produto, percebeu que havia sido debitado
de sua conta um valor maior que o combinado. Ele tomou o objeto da mão do
motoboy, que fugiu. O caso foi registrado como estelionato e a vítima orientada
quanto ao prazo de seis meses para ofertar a representação criminal para que o
inquérito seja instaurado e a investigação prossiga.
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Procurada, a plataforma GetNinjas informou que realizou "o bloqueio
permanente do perfil fraudador" e prestou o "suporte necessário ao
cliente".
Abaixo, leia a íntegra da nota da empresa:
O GetNinjas é um aplicativo que conecta prestadores de
serviços a clientes potenciais. Os profissionais utilizam a plataforma para
anunciar seus serviços e captar novos clientes, sendo a plataforma
exclusivamente um canal de divulgação. As etapas de contato, negociação e
pagamento ocorrem fora do ambiente da plataforma.
Salientamos que todos os usuários cadastrados são submetidos
a um rigoroso processo de validação documental antes de sua adesão ao
aplicativo, e medidas contínuas de segurança são implementadas para prevenir
fraudes.
Sobre o caso mencionado, lamentamos o ocorrido e prestamos o
suporte necessário ao cliente. Por fim, realizamos o bloqueio permanente do
perfil fraudador, impedindo que ele utilize a plataforma novamente.